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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Em PE, cadeiras de roda se transformam em carros alegóricos

Em PE, cadeiras de roda se transformam em carros alegóricos

Figurinista Xuruca Pacheco customizou fantasia de 50 crianças.
Cadeiras de rodas viram batmóvel, carruagem e cabine de DJ, entre outros.


Maria Luiza ganhou a roupa de princesa e a carruagem para o carnaval. (Foto: Reprodução / TV Globo)Maria Luiza ganhou a roupa de princesa e a carruagem para o carnaval. (Foto: Reprodução / TV Globo)
O carnaval de 50 meninos e meninas da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) vai ter um colorido diferente em 2013. Para a primeira matinê da associação no Recife, na terça-feira (5), as crianças tiveram a oportunidade de escolher as fantasias e a estilista Xuruca Pacheco, em parceria com o artista plástico Rinaldo Silva e o cenógrafo Diogo Balbino, transformou o sonho das crianças também para as cadeiras de roda, que se transformaram em pequenos carros alegóricos.
Cadeira foi transformada em mesa de DJ para a folia. (Foto: Reprodução / TV Globo)Cadeira foi transformada em mesa de DJ para a folia.
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Batmóvel, mesa de DJ, carruagem de princesa. Os pedidos foram os mais variados. A coordenadora de voluntariado da instituição, Anelise Barbosa, destaca a importância de as crianças poderem também enfeitar as cadeiras. “É a oportunidade de integrar as muletas e cadeiras à festa e aproveitar da melhor maneira possível o carnaval. É um diferencial muito grande, é a coisa do ser aceito, de estar junto das outras pessoas e vivendo um momento que é da nossa cultura, de poder participar do desfile de fantasias”, defende Anelise. "É uma coisa muito bacana, muito encantadora. Mudou minha vida, o jeito de encarar as pessoas", conta Xuruca.
Com chapéu, sanfona e o brilho do sol do Sertão nas rodas da cadeira, Ricardo Bezerra Ferreira Júnior, de 12 anos, era só alegria ao experimentar a roupa de Luiz Gonzaga. “Achei ótima [a fantasia], e a cadeira tem que estar fantasiada também. O carnaval vai ficar ótimo”, diz o menino, que é fã das músicas do Rei do Baião. “Eu gosto da natureza que ele criou”, conta Ricardo.
Para brincar de Batman no carnaval, cadeira vira batmóvel. (Foto: Reprodução / TV Globo)Para brincar de Batman no carnaval, cadeira vira batmóvel.
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Quase tão animada quanto o filho, a dona de casa Sônia Holanda não sabe descrever a alegria de vê-lo pronto para o carnaval. “É uma coisa diferente para ele. Eles precisam ser inclusos nessas festas também, esse carnaval vai ficar marcado para todas as crianças especiais”, acredita Sônia.
Muitas fantasias foram doadas e transformadas por Xuruca  e a equipe para cada criança. A pequena Maria Luiza, de quatro anos de idade, teve a cadeira de rodas transformada em carruagem de princesa, com direito a vestido rosa e coroa. “É lindo, eu estou muito feliz”, diz Maria Luiza.
A festa na terça-feira vai ter, além do desfile das crianças e suas cadeiras de roda, shows do Maestro Spock e da cantora Nena Queiroga, que prometem levar muita alegria, diversão e frevo para as crianças a partir das 14h, na área externa da AACD, no Recife.
Fã de Luiz Gonzaga, Rinaldo ganhou chapéu, sanfona e cadeira com temática do Sertão. (Foto: Reprodução / TV Globo)Fã de Luiz Gonzaga, Rinaldo ganhou chapéu, sanfona e cadeira com temática do Sertão.
(Foto: Reprodução / TV Globo)
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Mulher é presa em Olinda tentando sacar benefício social de falecida

Mulher é presa em Olinda tentando sacar benefício social de falecida

Doméstica, de 44 anos, tentou se passar por falecida de 88 anos.
Funcionários desconfiaram da aparência da idade e acionaram a PF.


Documentos apreendidos com falsária que tentava sacar benefício de falecida (Foto: Divulgação / PF)Documentos apreendidos com falsária que tentava sacar
benefício de falecida (Foto: Divulgação / PF)
Uma empregada doméstica de 44 anos foi presa em flagrante enquanto tentava realizar o saque de um seguro social do Governo Federal utilizando os documentos de uma falecida. Em nota, a Polícia Federal informou que os funcionários da Previdênica Social do Bairro Novo, em Olinda, notaram a discrepância entre a idade informada nos papéis e a aparência da mulher e acionaram os policiais federais.
Em depoimento, a suspeita conta que os documentos pertenciam à madrasta do marido dela, falecida em junho de 2012. Ela vinha realizando saques bancários em nome da sogra há aproximadamente seis meses. Segundo a Polícia Federal, ela se dirigiu até o INSS na quarta-feira (30) para fazer a renovação do benefício e colou sua foto no lugar da original. No entanto, os dados da outra pessoa foram mantidos e os funcionários perceberam que ela não tinha a idade informada no documento. Quando questionada, a suspeita mostrou-se nervosa e tentou fugir do local, mas os agentes chegaram a tempo para o flagrante.
A suspeita foi conduzida à Colônia Penal Feminina, no bairro do Engenho do Meio, Zona Oeste do Recife, e vai responder por estelionato e uso de documento falso. Se acusada, poderá cumprir sentença de um a dez anos de reclusão, pena aumentada pelo crime ter sido cometido contra entidade de direito público.
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Suspeito do caso Dieckmann tinha número de cartão de crédito da atriz

Suspeito do caso Dieckmann tinha número de cartão de crédito da atriz

Leonan Santos colocou à disposição da investigação o seu laptop.
Polícia já tinha apreendido um computador de Leonan com dados da atriz.


Leonan Santos, de 20 anos, é investigado pela polícia como um dos principais suspeitos de ter roubado das fotos da atriz Carolina Dieckmann. Há três meses, um computador de Leonan foi apreendido e encontraram vídeos, fotos e até informações do cartão de crédito da atriz, conforme mostrou a reportagem do Jornal Nacional.
O jovem estava sendo investigado pela polícia de Córrego Danta, munícipio Minas Gerais, com a suspeita de desviar dinheiro de bancos pela internet. Os investigadores do Rio querem ter acesso ao material já apreendido pela polícia mineira. Há suspeita de que Leonan tenha usado esse equipamento para furtar 60 arquivos da atriz.
Leonan entregou nesta segunda-feira (14) uma carta à policia, dizendo que está à disposição para esclarecimentos. "Ele poderá comprovar  que realmente não tem participação efetiva nesses casos que ele está sendo acusado", explicou o advogado do jovem Gustavo Ferreira Carvalho.
De acordo com os agentes, o hacker usou um dos golpes mais simples contra usuários da internet. Ele mandou um email se passando pelo provedor de internet usado pela atriz, com a promessa de oferecer mais segurança nos acessos às mensagens eletrônicas. Carolina Dieckmann forneceu todos os dados ao preencher um formulário e acabou enviando sua senha do email para o hacker.
A polícia acredita que Leonan repassou as imagens da atriz para Diego Fernando Cruz, de 25 anos, morador de Macatuba, São Paulo. De acordo com as investigações, Diego enviou os arquivos para outras três pessoas: um jovem de Goiânia, que não teve o nome revelado; um menor de 17 anos de Bauru, no interior paulista, que é suspeito de ter chantageado Carolina, cobrando dez mil reais para não divulgar os arquivos; e para Pedro Henrique Matias, dono do site pornográfico, que publicou 36 fotos. Os investigadores dizem que todos se conheciam de jogos online e fóruns da internet. Nessas comunidades, os hackers que usam os conhecimentos em informática para praticar crimes são chamados de crackers.
Os envolvidos no vazamento das fotos de Carolina serão indiciados por furto, extorsão qualificada - e difamação.

Roberto conta que concluiu 'Esse cara sou eu' inspirado em novela

Roberto conta que concluiu 'Esse cara sou eu' inspirado em novela

Rodrigo Lombardi e Nanda Costa, que interpretam Theo e Morena em “Salve Jorge”, se emocionaram no show especial de Natal e conheceram o Rei após o show.

“Esse cara da música existe?”, pergunta Renata Ceribelli.
“Existe, e esse cara é meu”, responde a atriz Fiorella Mattheis.
“Eu sou romântico, eu levo café na cama, eu ajudo a mulher a escolher o vestido no shopping”, declara o ator Marcos Caruso.
“O cara até pode esquecer, mas eu posso lembrá-lo de me dar flores”, diz a atriz Giovanna Antonelli.
“Talvez no começo eu fosse mais de abrir porta, entregar flores”, conta José de Abreu.
“Roberto Carlos me deixou em uma situação muito ruim”, diz o ator Sérgio Loroza à esposa.
“Agora você está cobrando mais do seu marido depois da música?”, pergunta Ceribelli.
“Acho que todas as mulheres, não é?”, responde Beatriz Rennó, esposa de Sérgio Loroza.
“Ficou ruim para o negão. Alô, Roberto Carlos! Ficou ruim pra mim, hein”, brinca Loroza.
A culpa é também do casal Theo e Morena, que incorporou totalmente o clima de romance da música do Rei na novela “Salve Jorge”, de Glória Perez.
O Fantástico foi à gravação do show tão esperado de todos os anos: o especial de Natal de Roberto Carlos, que você vai assistir no dia 25 de dezembro.
A expectativa de Nanda Costa e de Rodrigo Lombardi não é só pelo show do Roberto Carlos. É porque depois da apresentação, pela primeira vez, eles vão estar com o Rei. Tem um encontro marcado para eles se conhecerem no camarim.
“A gente nunca teve a menor expectativa de ter essa expectativa”, diz Rodrigo.
“Eu não tenho palavras para dizer. Eu vou chorar bastante”, declara Nanda.
“Tomara que o encontro seja bom. Se eu não desmaiar, se a Nanda não desmaiar, se a gente não sair correndo”, brinca Rodrigo.
“Essa música eu fiz para falar do cara que toda mulher gostaria de ter. Do cara que eu tento ser”, disse Roberto Carlos durante o show.
No camarim, Roberto contou que viu o Rodrigo chorar do começo ao fim da música. “Foi difícil não me emocionar também”, revela Roberto Carlos.
E chega o momento de Nanda e Rodrigo se encontrarem com o Rei. “Quando a gente saiu, eu estava super emocionada”, conta Nanda.
Roberto conta que evitou olhar para Rodrigo durante a música. “Eu pensei ‘não vou olhar para ele. Se eu olhar, eu vou chorar também e aí eu não canto’”.
Os atores disseram que a música foi fundamental para o clima de romance da novela e para a construção dos personagens.
“A gente estava fazendo uma cena que era o pedido de casamento e de repente a Glória entrou no estúdio e falou: 'Tenho um presente para vocês, antes de rodar essa cena'. E aí quando começou a tocar foi uma emoção geral, o estúdio inteiro. Eu tive que voltar, retocar a maquiagem, estava com o olho inchado”, conta Nanda.
A música, apesar de não ter sido feita para a novela, caiu perfeitamente na história do casal.
“Quando a Glória ouviu, faltava uma parte da música, o último verso. Faltava 'eu sou o cara certo pra você, aquele que te faz feliz e te adora'. Mas quando ela me contou a história, eu falei, ‘agora enriqueceu a inspiração’. Quando eu vi a primeira cena deles com a música eu chorei. O que eu acho muito bonito é que o casal tem muita química”, diz Roberto Carlos.
Mas a música ajuda. “Às vezes, a gente está no meio da cena e pedimos para colocar a música, no estúdio mesmo”, revela Rodrigo.
“Qual parte da música que você acha que é mais o Rodrigo Lombardi?”, pergunta Renata Ceribelli.
“É aquele que no meio da noite te chama pra dizer que te ama”, responde Rodrigo.
“Engraçado, quando eu comecei a música, é a parte que eu mais me identifico também”, diz Roberto Carlos.
“Você começou a música por essa frase?”, pergunta Renata.
“Por essa frase: O cara que ama, que pensa em você toda hora, que conta os segundos se você demora”, conta Roberto.
“Essa inspiração veio de alguém especial?”, pergunta Renata.
“Eu sou um romântico mesmo”, diz Roberto.
“Hoje, Roberto Carlos está apaixonado?”, pergunta Renata.
“Estou ficando”, responde Roberto.
“O coração do Rei está novamente com um novo amor?”
“Ainda não”, diz ele.
“Você está se apaixonando?”, pergunta Renata.
“É, quem sabe?”, diz o Rei.
“Quem sabe o coração do Rei não voltou ao estágio de adolescente, e que somente está em estado apaixonado, que ama as coisas?”, questiona Rodrigo.
“Está vendo só? Obrigado. Amigão”, diz Roberto.
“Depois a gente conversa”, brinca Rodrigo.
Confira a letra da música “Esse cara sou eu”:
O cara que pensa em você toda hora
Que conta os segundos se você demora
Que está todo o tempo querendo te ver
Porque já não sabe ficar sem você
E no meio da noite te chama
Pra dizer que te ama
Esse cara sou eu
O cara que pega você pelo braço
Esbarra em quem for que interrompa seus passos
Está do seu lado pro que der e vier
O herói esperado por toda mulher
Por você ele encara o perigo
Seu melhor amigo
Esse cara sou eu
O cara que ama você do seu jeito
Que depois do amor você se deita em seu peito
Te acaricia os cabelos, te fala de amor
Te fala outras coisas, te causa calor
De manhã você acorda feliz
Num sorriso que diz
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu
Eu sou o cara certo pra você
Que te faz feliz e que te adora
Que enxuga seu pranto quando você chora
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu
O cara que sempre te espera sorrindo
Que abre a porta do carro quando você vem vindo
Te beija na boca, te abraça feliz
Apaixonado te olha e te diz
Que sentiu sua falta e reclama
Ele te ama
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu

Lei para crimes cibernéticos é vitória, diz advogado de Dieckmann

Lei para crimes cibernéticos é vitória, diz advogado de Dieckmann

Câmara dos Deputados aprovou projeto que tipifica crimes na internet.
Advogado diz que postura da atriz contribui para acabar com a impunidade.


Carolina Dieckmann (Foto: Reprodução)Carolina Dieckmann (Foto: Reprodução)
O advogado da atriz Carolina Dieckmann disse que a aprovação do projeto na Câmara dos Deputados que tipifica os chamados crimes cibernéticos, na terça-feira (15), é mais uma vitória no caso que envolve o roubo e o vazamento das imagens em que a atriz aparece nua. Segundo Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a postura de Dieckmann foi fundamental para dar exemplo e não deixar esse tipo de crime impune.

“Hoje nós (advogados) usamos o código penal de forma subsidiária para penalizar esse tipo de crime. A internet, até então, era um espaço sem lei. A coragem da Carolina e a forma com que ela enfrentou tudo isso abriu muitas portas, inclusive essa”, afirmou Kakay, destacando que a própria atriz já havia comentado que a repercussão que o caso dela ganhou deveria ser importante para colocar essa questão em debate.

De acordo com Kakay, a ausência de lei específica para esse tipo de crime dificulta também a questão processual. “Durante esses cinco dias em que as fotos foram extremamente acessadas, foram cerca de 8 milhões de acesso, esbarramos o tempo todo na dificuldade em retirar essas imagens da internet. Muitos sites retiraram espontaneamente, assim que informamos que as fotos tinham sido roubadas. Mas outros não tiveram a mesma postura”, criticou Kakay.

Segundo o advogado, desde a aprovação do projeto ele não conseguiu conversar com a atriz, que está gravando. No entanto, Kakay enviou um e-mail e um torpedo para Dieckmann parabenizando-a pela coragem e pela forma como enfrentou a situação.
O projeto, de autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), altera o Código Penal e torna crime entrar indevidamente em e-mail de terceiro, por exemplo, ou roubar via internet dados pessoas de terceiros. As penas variam conforme o tipo de ação. A pena mínima é de detenção de três anos a um ano, mais multa.
Quanto à investigação, Kakay disse que agora vai aguardar o andamento do inquérito, mas ressaltou que pretende ligar para a chefe de Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha, pedindo para continuar com o mesmo ritmo de trabalho adotado até então. Para o advogado da atriz é fundamental que a análise nos computadores dos suspeitos não demore.

Os suspeitos
De acordo com a investigação, hackers do interior de Minas Gerais e São Paulo invadiram o e-mail da atriz e pegaram as imagens. Isso descarta a suspeita inicial sobre funcionários de uma loja de assistência técnica no Rio de Janeiroonde Dieckmann havia deixado o laptop para consertar, há dois meses.
Um grupo especializado da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), da Polícia Civil do Rio, usou programas de contra-espionagem para chegar aos suspeitos. De acordo com a investigação, o roubo teria começado com um e-mail usado como isca (spam), que ao ser aberto liberou uma porta para a instalação de um programa que permitiu aos hackers entrarem no computador da atriz.
“A vítima fatalmente clicou nesse spam”, explicou o delegado Rodrigo de Souza Valle. “Provavelmente ela deixou esse arquivo ser reenviado para o autor.” Uma varredura feita no computador da atriz detectou que o invasor furtou, ao todo, 60 arquivos.

Carolina Dieckmann procurou a polícia no dia 7 de maio, data do início das investigações comandadas pelo delegado Gilson Perdigão. Trinta e seis fotos pessoais da atriz foram publicadas na internet três dias antes, inclusive imagens ao lado do filho de 4 anos, o que, segundo Kakay, “agrava de forma substancial o crime”.

Laudo descarta presença de bactéria em soros usados em ressonância

Laudo descarta presença de bactéria em soros usados em ressonância

Primeiros resultados de análise do Adolfo Lutz foram divulgados nesta sexta.
Três pacientes morreram após exames em hospital particular de Campinas.


O Hospital Vera Cruz, em Campinas (Foto: Fernando Pacífico / G1 Campinas)Mortes após ressonância magnética ocorreram no
Hospital Vera Cruz (Foto: Fernando Pacífico / G1)
Os primeiros resultados divulgados pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP), na manhã desta sexta-feira (1º), descartam a possibilidade de contaminação por bactéria nos lotes de soro fisiológico usados nos exames de ressonância magnética de três pacientes em hospital de Campinas (SP). Eles morreram após o procedimento. O secretário municipal de Saúde, Cármino de Souza, afirma que não foram encontrados na substância endotoxinas, parte da parede celular de algumas bactérias que só são liberadas após a destruição da célula do microorganismo.
Apesar da divulgação dos primeiros laudos, os lotes de soro seguem interditados para a realização de outras análises, como presença de fungos e alteração química. A superdosagem de contraste, produto químico usado na ressonância que ajuda na visualização dos órgãos, também foi descartada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de acordo com Cármino de Souza. Durante a reconstituição dos exames no Hospital Vera Cruz realizada pela Polícia Civil na tarde de quinta-feira (31), a hipótese de falha humana e nos equipamentos foi rejeitada, segundo o secretário.
Os funcionários que realizaram as ressonâncias nas três vítimas participaram dos trabalhos. "Eles foram adequados e estamos mais propensos para a linha toxicológica. A checagem da bomba de infusão não mostrou aumento de volume ou velocidade. Para os nossos técnicos e da Anvisa, não houve problema no equipamento", explica Cármino de Souza.
Dois pacientes usaram esta bomba para aplicar os remédios. No terceiro caso, a aplicação foi feita por seringa. O secretário de Saúde afirmou que os primeiros resultados dos exames de necrópsia, feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) nos corpos das vítimas, também devem ser divulgados nesta sexta-feira pela Polícia Civil. Entre as informações que podem ser disponibilizadas estão a análise histológica, que verifica se existe colônia de bactérias no organismo, e análise toxicológia, que verifica presença de substâncias químicas.
A conclusão das investigações policiais do caso depende de outros resultados da perícia e da avaliação feita pelo Instituto Adolfo Lutz em medicamentos usados nos exames. A possibilidade de sabotagem também é analisada.
Policial internado
Cármino de Souza ponderou ao falar sobre o policial militar que foi internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), após receber contraste para ser submetido ao exame de ressonância magnética. "Nós precisamos tomar um pouco de cuidado com boatos daqui para frente, cada caso deve ser analisado. Estamos em contato com o Centro de Vigilância Epidemiológica para saber do que se trata", alegou.
Alteração no fígado
Segundo a gerente de Regulação e Controle Sanitário da Anvisa, Maria Ângela da Paz, os exames das vítimas indicaram aumento da enzima transaminase, o que revela uma disfunção hepática. A rápida evolução do quadro clínico também chama a atenção e é outro ponto em comum. Os três pacientes morreram cerca de 1h30 após a ressonância magnética.
'Mais dificuldades'
A diretora da Vigilância em Saúde, Brigina Kemp, admitiu que o fato de uma paciente ter realizado o exame de ressonância magnética no Hospital Vera Cruz, após as três vítimas fatais, deixa as investigações sobre a causa dos óbitos mais complexa.
"É uma ocorrência inusitada. Saber que uma outra pessoa fez o exame traz mais dificuldades", falou. Segundo a gerente da Anvisa, a paciente fez o exame na mesma sala das vítimas, usou a mesma medicação e não houve reações adversas.
Alerta nacional
A Anvisa divulgou um alerta nacional sobre os lotes de soro e contrates usados nos exames feitos pelos pacientes mortos, e que foram interditados de forma cautelar no estado de São Paulo. "Enquanto não tivermos certeza da relação de causa e efeito do uso do contraste a Vigilância vai manter esses lotes em observação", explicou a gerente.
O caso
Três pessoas morreram entre a tarde e a noite do dia 28 de janeiro após realizarem exames de ressonância magnética no hospital particular Vera Cruz, em Campinas. A Vigilância em Saúde interditou o setor responsável pelo procedimento da unidade de saúde por tempo indeterminado.
Entre as vítimas estão a administradora de empresa Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que deixa uma filha de 4 anos. Também morreu o paciente de Santa Rita de Cássia, o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 anos, casado e pai de uma filha de 6 anos. O terceiro paciente é Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos.
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Mulher que inspirou Morena de 'Salve Jorge' conta o drama no exterior

Mulher que inspirou Morena de 'Salve Jorge' conta o drama no exterior

Ana Lúcia Furtado foi traficada para Israel, onde trabalhou como prostituta.
Personagem inspirou Glória Perez a escrever personagem de Nanda Costa.


Ana Lúcia e Nanda Costa (Foto: Marcelo Ahmed/G1 e Divulgação/Rede Globo)Ana Lúcia é a personagem da vida real que é interpretada na novela por Nanda Costa
(Foto: Marcelo Ahmed/G1 e Divulgação/Rede Globo)
Ana Lúcia Furtado era empregada doméstica e sustentava três filhos quando, aos 24 anos, recebeu uma proposta para o que sonhava ser um futuro melhor: trabalhar como garçonete em Israel. Mas acabou virando prostituta numa boate e serviu de inspiração para a autora Glória Perez moldar a personagem Morena, a protagonista interpretada por Nanda Costa na novela “Salve Jorge”.
Pela primeira vez após seu resgate, ocorrido em 1998, Ana Lúcia se prontificou em contar todo o seu drama em entrevista ao G1 (assista no vídeo acima). Vítima do tráfico de mulheres, tema abordado na trama da TV Globo, ela relata como foram os três meses em que ficou em poder da quadrilha e a morte de sua prima, Kelly Fernanda Martins, com quem viajou para Israel e inspiradora da personagem Jéssica, de Carolina Dieckmann.
O relato de Ana Lúcia é muitas vezes mais dramático do que a ficção vivida por Nanda Costa. Ela diz que o contato com Glória Perez é frequente e que muitas vezes reconhece, entre os diálogos da novela, uma frase que contou para a escritora.
G1 — O que você fazia antes de tudo isso acontecer?
Ana Lúcia Antes de receber o convite pra ir pra Israel eu tinha três filhos: minha filha de 1 ano e pouco, um filho de 7 e outro de 10. E trabalhava de empregada doméstica. Criava meus filhos com a ajuda da minha mãe. Eu era muito próxima a Kelly, que era prima minha de segundo grau. A gente era amiga, ia para a balada juntas e foi quando, em uma dessas saídas, a gente conheceu a Rosana, em um pagode em Madureira. Ficamos amigas, ela saía com a gente, frequentava a nossa casa. Foi quando ela fez a proposta pra gente.
Não desconfiamos de nada porque é tudo muito verdadeiro"
Ana Lúcia
G1 — Como foi a proposta?
Ela falou: viajei [para Israel], cheguei agora, eu comprei essa casa, uma belíssima casa, comprei carro. Estou cheia de dinheiro. Lá fora está dando dinheiro legal. “E o que você faz lá fora”, perguntei. “Ah, a gente trabalha em lanchonete, pizzaria, e ganha US$ 1,5 mil por mês”. Poxa, você estava vivendo uma situação difícil, com três filhos pra criar, sozinha, morando na casa da sua mãe. Precisando tanto eu quanto a Kelly, que tinha dois filhos, morava com a mãe também. A gente querendo ter a própria independência, casa e dar futuro melhor pros filhos. Chega alguém dizendo que viajou, ganha US$ 1,5 mil por mês, e é fácil assim. E as pessoas oferecem passagem, tiram seu passaporte e tudo. E a gente se interessou, né?! Foi quando ela ligou pra essa pessoa em Israel, que no caso era a Célia, aí ela entrou em contato com a gente e falou que mandava uma passagem pra gente pra trabalhar em uma lanchonete lá em Tel Aviv.
G1 — Vocês só falavam com a Rosana?
Ana Lúcia Só depois de um tempo a gente passou a falar com a Célia, daqui do Brasil. Ela disse que tinha várias lanchonetes, que era brasileira e que havia várias meninas trabalhando, que dava um dinheiro legal. Aí a gente ficou radiante, ficou feliz, achando: a gente vai pra lá, fica seis meses e quando voltar compra a nossa casa. Esse era o nosso sonho. Tanto que teve mais meninas interessadas também, inclusive duas meninas que conheceram através da gente e foram na nossa frente.
G1 — Vocês em nenhum momento desconfiaram de nada?
Ana Lúcia Não, não desconfiamos de nada porque é tudo muito verdadeiro o que a Rosana apresentava pra gente aqui no Brasil. Vinha na nossa casa, sentava, almoçava. E a mãe dela também falava que aquilo era tudo verdade, que ela ia pra lá, trabalhava de garçonete lá e voltava com dinheiro. Já tinha comprado casa, carro e estava dando pra sobreviver, estava com uma vida bem melhor. E a gente frequentava a casa dela. E acreditou, né? Foi quando começaram a agir, tiraram o passaporte, tiraram passagem, compramos roupa. E a Rosana ainda falava pra gente: “Lá é um lugar em que vocês não podem andar com roupa muito pelada. Tem que levar umas roupas cobrindo o corpo”. E a gente, inocente, levava.
Ana Lúcia tira foto de celular ao lado de Nanda Costa, quando ela foi ao Projac (Foto: Reprodução de arquivo pessoal)Ana Lúcia tira foto de celular com Nanda Costa, Paloma Bernardi (à esquerda) e Larissa Dias (última à direita), quando foi ao Projac (Foto: Reprodução de arquivo pessoal)
G1 — E vocês não tiveram mais notícia das duas que foram antes?
Ana Lúcia Não tivemos mais contato com elas, porque elas foram em uma semana e nós fomos em outra. Porque não podiam ir quatro de uma vez, tinha que ir de duas em duas pra poder passar na fronteira de lá. Isso era o que a Rosana falava pra gente. Então foram essas duas meninas. E depois fomos eu e Kelly, garimpando de país em país. Passamos por Espanha, Alemanha e depois França. Quando chegamos na França tinha dois israelenses da máfia nos esperando. Quando chegamos, dormimos no hotel do aeroporto da França. Eles levaram a gente pra jantar, passeamos, conhecemos algumas coisas lá em Paris. E depois, no outro dia, fomos pra Tel Aviv. Mas quando chegamos na França, eles já pegaram nosso passaporte e passagem, e disseram: “Tem que ficar com a gente pra passar na fronteira de Israel”. Quando chegamos em Tel Aviv, já tinha mais duas pessoas esperando a gente com carro.
G1 — Em Tel Aviv vocês foram levadas para onde?
Ana Lúcia
Eu e Kelly fomos numa boa, entramos no carro. Quando nós chegamos em Tel Aviv, primeiro eles foram pra boate onde ia ficar a Kelly, que era a Playboy. Quando chegamos lá na porta, a Kelly era mais desaforada, mais agitada, mais brigona, tipo o que a Carolina está fazendo no papel, e falou: “Ana Lúcia, que lugar estranho, pra trabalhar. Uma casa velha, que lugar feio”. O rapaz disse assim: “Entra”. Nós entramos e quando chegamos na sala, havia um sofá, onde estavam muitas meninas, todas brasileiras, com roupas íntimas, sutiã e um shortinho íntimo que se usa por baixo da roupa. Entre as meninas sentadas ali tinha uma que tinha ido na nossa frente. E a Kelly falou assim: “Gente, que lugar é esse?”. Aí a Rita falou assim: “Psiu, não fala nada, depois eu te falo”. A Kelly falou: “Eu não vou ficar aqui, não. Ana Lúcia, a gente não vai ficar aqui. A gente vai embora. Você me trouxe pra me prostituir? Pra me prostituir eu me prostituía no meu país”. Ela era mais desaforada. Eu fiquei morrendo de medo. Porque aí essa menina disse pra gente: “Olha só, não faz escândalo e faz o que eles querem, porque aqui é isso que vocês estão vendo”. Aí um dos rapazes que foi buscar a gente em Paris falou: “Você vai ficar aqui, pra Kelly, e você vem comigo, pra mim”. Aí eu fui, estava morrendo de medo. Aí eu fui pra Eliá (boate).
G1 — Como foi nesse local?
Ana Lúcia —
Quando cheguei encontrei a outra menina, que foi na minha frente. Aí ela me pegou na cozinha e me disse o que era. Aí já dava pra ver os quartos, a sala onde as meninas ficavam sentadas e a recepção com a gerente. Aí me explicaram: “Ana Lúcia, hoje mesmo você começa a trabalhar”. A Célia me levou pra um quarto pra trocar de roupa e conversou comigo. Eu era mais medrosa. A Kelly era mais brigona, tinha mais atitude. Eu falei que tinha que falar com minha família, porque já fazia três dias que eu não falava com minha família. Aí ela falou que à noite deixava falar com a minha família. Aí eu fui pro salão junto com as outras meninas, muitas meninas brasileiras. O tráfico de mulheres pra lá é mais de brasileiras. Você só vê brasileira. Mas realmente existem muitas meninas trabalhando em lanchonetes.
G1 — E não era pra se prostituir?
Ana Lúcia
Não, era só para trabalhar mesmo.
G1 — E você em algum momento chegou a dizer: “Não, eu não quero fazer”?
Ana Lúcia
Chegamos. Todo mundo chega falando isso.
G1 — E aí?
Ana Lúcia
Eles dizem: “Não, agora você vai ter que pagar o que me deve”. “E quanto eu lhe devo”. “Você me deve R$ 1,5 mil de passagem, R$ 1 mil pra entrar no país, cabelo, roupa, você me deve muita coisa. Quando você me pagar tudo o que me deve, eu te mando de volta pro teu país”. Mentira, né?! Porque você nunca consegue pagar a dívida com eles. Porque a dívida sempre está aumenta cada vez mais. E a gente quase não comia. A gente comia quando fugia, normalmente na sexta-feira.
G1 — Pra onde?
Ana Lúcia
Pra lanchonete que era na beira da praia.
G1 — E vocês não procuraram a polícia?
Ana Lúcia
Não, porque a gente fugia, mas eles sabiam onde a gente estava. Por isso a Kelly foi morta. Os seguranças seguiam a gente.
G1 — E eles ameaçavam?
Ana Lúcia
Ameaçavam. Diziam que se a gente saísse de lá, do lucro que estava dando pra eles, eles vinham para o Brasil matar nossa família, matar nossos filhos. E falavam que tinham endereço, que tinha foto, que sabia onde eles estudavam, como eles viviam. E realmente sabiam de tudo, porque a menina frequentou a nossa casa.  Saía com a gente, comia e bebia. Eles sabiam tudo. E você vai arriscar?
G1 — Como foi a primeira experiência sua?
Ana Lúcia
Foi horrível. Num primeiro momento, você sentada ali exposta no sofá, chega um homem que você nunca viu na vida, fala assim: “É essa”. Aí te pega, te leva lá pra dentro do quarto, tem relação sexual contigo e depois sai com você e paga. Você se sente uma mercadoria. Depois é exposta a outro traficante, a um policial, é exposta a isso tudo. Você não tem querer. O teu querer é o deles. É chato, é ruim, você chora, esperneia, mas não adianta. Você tenta fugir. Tentamos fugir várias vezes, mas não conseguimos.
Muitas meninas morreram lá. É uma máfia"
Ana Lúcia
G1 — Como?
Ana Lúcia
A gente tentava, porque a gente saía, né?! A gente não sabia que estava sendo seguida, estava sendo seguida por dois carros. Foi quando eles botaram o carro na frente e atrás, e “sai”, “sai”, “sai”, botaram a gente dentro do carro e levaram de volta pro abrigo. Então eles foram ameaçando a gente o tempo todo, que sumiam do país, que nossa família não ia mais saber da gente. E realmente isso acontece muito. Muitas meninas morreram lá, estão presas desde a minha época e nunca mais conseguiram sair do país. É uma máfia, uma máfia russa, uma máfia muito perigosa. Aí não tentamos mais fugir.
G1 — Mas a Kelly tentou?
Ana Lúcia
A Kelly achou o passaporte dela. Aí a primeira coisa que ela fez foi ir lá na Eliá falar. “Ana Lúcia, achei o meu passaporte. Agora a gente vai fugir e vai no consulado com meu passaporte”. Tava tudo certo. Aí fomos ao restaurante, na danceteria, foram muitas meninas lá. Só que ela deixou uma das meninas brasileiras, que foram na nossa frente, saber. Aí a menina entregou ela, disse que ela tinha achado o passaporte e que ia fugir comigo, que a gente ia ao consulado e que não ia mais voltar. Falou tudo.
G1 — A acharam a Kelly?
Ana Lúcia
Aí foram caçar ela. Aí acharam a gente, mas a gente não estava mais em Tel Aviv, estava em outra cidade. Por que eles acharam? Porque o pessoal que seguiu a gente avisou onde que nós estávamos. Foi quando pegaram ela, já era de manhã, pegaram ela, botaram dentro do carro e levaram ela. Aí a gente não soube mais dela. Pegaram a gente e na boate a Célia me chamou e perguntou onde a gente estava. Eu falei pra ela. Ela disse: “Pois é, porque a Kelly usou tanta droga, que ela morreu”. “Como ela morreu, se ela estava com a gente até agora?”. “Ah, ela morreu, acharam o corpo dela na rua, de overdose”. No outro dia, chegaram e falaram que a Kelly tava internada no hospital, que tinha achado o corpo dela na rua. A gente não podia falar com o Brasil, a Kelly no hospital, morta, praticamente. O coração batia, mas não tinha mais cérebro, né. Espancaram, bateram muito nela. E aplicaram uma heroína na veia e foi direto para o cérebro dela. E ali o cérebro morreu logo, né. O coração dela ainda batia, por isso levaram para o hospital. Enrolaram o corpo dela em um lençol com o passaporte, com passagem, com tudo. Jogaram ela no meio da rua. Assim eu soube depois que cheguei no Brasil.
G1 — E vocês conseguiram falar enfim com o Brasil?
Ana Lúcia Conseguimos um celular e ligar para o Brasil e contamos pra mãe da Kelly tudo o que tinha acontecido. Ela entrou em desespero. Aí teve um dia, depois de três semanas, que a Célia me chamou com uma das meninas e contou pra mim que a Kelly tinha morrido. Eu me senti só. Eu falei: pronto, agora eu também vou morrer. Aí indicaram para a família da Kelly a doutora Cristina Leonardo (advogada). Foi quando começou toda a revolução. A doutora Cristina dizia que ia buscar a gente e eles não acreditavam. A Célia dizia assim: “Pode deixar, que eu vou hospedar você e o presidente do Brasil na minha casa”.
G1 — E como ficou a situação de vocês lá?
Ana Lúcia
O terror começou mais sobre a gente. Aquela vigilância total. A gente já não podia ir na farmácia, não podia comprar comida.
G1 — Como foi o resgate?
Ana Lúcia
Meio-dia, ela (Cristina Leonardo) falou que eles iam buscar a gente. Meio-dia certinho a polícia de Israel foi buscar a gente. Eles tomaram aquele susto, porque não era a polícia que estava acostumada a ir lá. Aí eu consegui trazer comigo oito meninas. As outras não vieram.
G1 — Por quê?
Ana Lúcia
Algumas não quiseram vir por medo e outras estavam na boate. Só vieram as que estavam na boate comigo. Aí o consulado resgatou a gente e nós ficamos sob a proteção de Israel mais um mês, porque havia julgamento e eles só haviam prendido o Russo. Aí teve julgamento e viemos pro Brasil.
G1 — Como foi a chegada ao Brasil?
Ana Lúcia
Quando chegamos no aeroporto do Brasil a Polícia Federal já estava esperando a gente, prestamos depoimento várias semanas. Ficaram guardando a gente, porque havia muita ameaça, os traficantes de Israel ligavam pra gente, botavam criança pra chorar, boneco pra chorar no telefone dizendo que era o que iam fazem com a gente, com nossos filhos. E realmente eles faziam. Em menos de uma semana  aqui eles botaram fogo na casa de uma menina de Niterói com todo mundo dentro, atropelaram uma no meio da rua. Por isso que ninguém fala, aquelas meninas de lá. Porque elas têm medo. Porque tudo o que eles falam que vão fazer eles fazem, eles acham, eles caçam. Eles são caçadores de prostitutas, de brasileiras. A preferência deles é o Brasil, pra traficar, pra escravizar. Nós éramos escravas deles. E vivíamos em cárcere privado, presas. Nós éramos prisioneiras.
O que a novela mostra é até luxo perto daquilo que a gente viveu"
Ana Lúcia
G1 — Quanto tempo vocês ficaram lá?
Ana Lúcia — Nós ficamos quatro meses. Três na boate e um sob a proteção de Israel, por causa dos depoimentos. Eles primeiro tinham que prender todo mundo. Mas depois disso a gente foi embora.
G1 — Foram três meses de inferno?
Ana Lúcia —
Foram três meses de inferno, que a gente vivia pra eles. A gente vegetava. Tinha que fazer dinheiro. E fazia, porque as boates ficavam dia e noite lotadas.
G1 — Como funcionava?
Ana Lúcia — Tipo o que tem na novela. Tem o bar, tem a consumação, tem que levar o cliente pra consumir. Depois, ele já te escolheu, vai ter que ir pro quarto com ele. Ele te comprou naquele momento. Aí tem música, tem raiva, tem desespero, tem vários tipos de homens. Eu até brinco que o que a novela mostra é até luxo perto daquilo que a gente viveu. Perto do que a gente passou. Às vezes me perguntam na rua se aquilo da novela é verdade: é verdade, mas eu passei pior do que aquilo. Como uma mulher consegue ir para o quarto 20 vezes por dia pra fazer dinheiro pra eles? Eu nunca consegui.
G1 — Você chegou a ter que sair com 20 homens em um dia?
Ana Lúcia — Não, nunca consegui. Não dá. Mas tem meninas que conseguiam. Isso quando não traziam presidiário, e tinha que ficar o dia inteiro ali com aquele homem.
G1 — E vocês ficavam como?
Ana Lúcia — De calcinha, sutiã e salto alto. O dia todo. E bem maquiada, penteada, bem bonita, bem cheirosa.
G1 — Há muito desconfiança ainda?
Ana Lúcia — Muita gente ainda não acredita na história, não acredita que haja realmente tráfico de mulheres.
G1 — E no Brasil, como foram os desdobramentos?
Ana Lúcia — Quando nós chegamos no Brasil não houve investigação nenhuma. Depois que a doutora Cristina Leonardo provou que era verdade é que foram lá buscar a gente. Mas aqui nós não tivemos nenhum apoio, não tivemos nada. E hoje, graças a Deus, estou aí. Trabalho com quentinha.
G1 — E como foi a história com a novela?
Ana Lúcia — Foi uma coisa incrível. A minha irmã é cabeleireira e faz cabelo de uma moça da Globo. Aí ela falou pra minha irmã que a Glória ia escrever uma novela sobre o tráfico de mulheres. Aí minha irmã disse: “Poxa, minha irmã foi traficada”. Aí a moça falou: “Você tem que falar isso pra Glória (Perez, autora da novela)”. Aí ligou pra Glória, que entrou em contato comigo. Fomos na casa da Glória, conversamos bastante. Ela me perguntou se eu poderia falar como foi, como a gente viveu lá e se poderia ajudá-la. A gente ta sempre entrando em contato com a Glória, tá sempre colaborando. A Glória sempre me liga perguntando como foi determinada coisa. Às vezes eu falo: “Ih, caramba, isso fui eu que falei”. A Nanda, meu deu a maior vontade de chorar quando ela chegou e a gente... quando eu me deparei com aquilo... eu achei que não ia sair mais dali. Aquelas falas todas da Nanda, que não estava ali pra se prostituir, tudo aquilo eu passei pra Glória. Eu fico feliz, porque é uma forma de denunciar. Tudo isso foi verdade. Eu sou uma prova disso, passei por tudo aquilo que está sendo mostrado na novela. Eu sou um material vivo e ela se inspirou nisso. E também está sendo uma forma de denunciar, pra vir vivo, e não como a Kelly voltou.
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Eleito com 56 votos, Renan Calheiros volta ao comando do Senado

Eleito com 56 votos, Renan Calheiros volta ao comando do Senado

Senador do PMDB foi denunciado pela PGR e poderá ser réu em processo.
Com apoio da oposição, Pedro Taques teve 18 votos; quatro não votaram.


Renan Calheiros (PMDB-AL) nos corredores do Senado pouco antes da eleição que definiu seu nome como novo presidente da Casa (Foto: Ed Ferreira / Estadão Conteúdo)Renan Calheiros (PMDB-AL) nos corredores do
Senado pouco antes da eleição que definiu seu
nome como novo presidente da Casa (Foto: Ed
Ferreira / Estadão Conteúdo)
O Senado elegeu nesta sexta-feira (1º), com 56 votos, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) como presidente da Casa e do Congresso Nacional. Indicado pelo PMDB, maior bancada do Senado, e alvo de denúncia da Procuradoria Geral da República, Renan assume pela segunda vez o comando do Legislativo.
Renan disputou o posto com Pedro Taques (PDT-MT), que teve apoio de partidos da oposição e de senadores "independentes", que não costumam seguir orientação partidária. Taques teve 18 votos. Dois senadores votaram em branco e dois senadores votaram nulo.
Renan Calheiros retoma a Presidência da Casa após seis anos. Em 2007, ele deixou o cargo em meio a denúncias de que usou dinheiro de lobista para pagar pensão de uma filha fora do casamento. Absolvido pelo plenário, Renan continuou como senador e era, até agora, líder da bancada do PMDB no Senado.
Em razão dos mesmos fatos de 2007, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o Renan ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
A denúncia enfraqueceu a candidatura do peemedebista, que perdeu apoio do PSDB e até do PSB, partido aliado do governo federal.  Mesmo assim, continuou como favorito ao cargo, já que contou com votos do PT, da maioria dos partidos da base aliada e dos peemedebistas, com exceção dos "independentes".
Renan vai substituir José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado e do Congresso, tornando-se o terceiro na linha de sucessão para presidente da República, atrás apenas do vice-presidente da República e do presidente da Câmara dos Deputados.
Caberá a ele comandar sessões de votação, definir as pautas do plenário do Senado e do Congresso, além de convocar votações extraordinárias e dar posse aos senadores.  O presidente do Senado também preside a Mesa Diretora, que comanda as atividades da Casa, com orçamento de mais de R$ 3,5 bilhões e mais de 6,4 mil funcionários.
Uma das primeiras tarefas de Renan será resolver o impasse em torno da votação dos mais de 3 mil vetos presidenciais pendentes na pauta. No ano passado, em meio à pressão de parlamentares para derrubar o veto presidencial à Lei dos Royalties, o ministro Luiz Fux, do STF, determinou a votação cronológica dos mais de 3 mil vetos anteriores.
Além dos royalties do petróleo, estão na fila vetos ao projeto do novo Código Florestal, à lei que regulamenta os gastos em saúde e o que impediu o fim do fator previdenciário.
Outra tarefa do novo presidente de Senado e Congresso será comandar a votação do Orçamento de 2013, que prevê as receitas e despesas dos três poderes para o ano. A votação, que deveria ter ocorrido no ano passado, está prevista para ocorrer na próxima semana, quando termina o recesso legislativo.
Ao discursar antes da eleição, Renan comentou discursos de outros senadores sobre ética e disse que "a ética é dever de todos" no Senado.
“Alguns aqui falaram sobre ética e, seria até injusto com esse Senado, que aprovou celeremente, como nunca tão rapidamente outra matéria, a Lei da Ficha Limpa, demonstrando que esse é compromisso de todos nós. Eu queria lembrar que a ética não é objetivo em si mesmo. O objetivo em si mesmo é o Brasil, é o interesse nacional. A ética é meio, não é fim. A ética é dever de todos nós", disse Renan.
Perfil
Formado em direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Renan Calheiros foi eleito deputado federal em 1982 pelo PMDB. Em 1994, assumiu o primeiro mandato como senador.
Em 1998, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1955-2002), foi escolhido para comandar o Ministério da Justiça, cargo que ocupou até 1999.
Reeleito senador em 2002, Renan Calheiros e o PMDB decidiram apoiar o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Em 2005 foi eleito presidente do Senado e do Congresso Nacional, cargo que deixou em 2007, acuado por processos que poderiam custar seu mandato.
Atualmente, o senador é investigado em inquérito no STF pelo suposto uso de notas fiscais frias para justificar, em 2007, que tinha renda para pagar a pensão da filha com a jornalista Mônica Velloso. O peemedebista apresentou as notas, referentes a suposta venda de bois, para se defender da suspeita de que a pensão era paga por um lobista de uma empreiteira. O escândalo levou à renúncia de Renan comando do Senado em 2007.
O mesmo escândalo que derrubou Renan Calheiros voltou aos jornais com a denúncia do procurador-geral, Roberto Gurgel.
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BOVESPA 2013


Protesto de motoboys contra novas regras trava Avenida Paulista

Protesto de motoboys contra novas regras trava Avenida Paulista

Pouco antes das 13h, grupo fechou completamente a via em São Paulo.
Sindicato que reúne motoboys busca adiar fiscalização de novas regras..


Protesto travou a Avenida Paulista (Foto: Fábio Tito/G1)Protesto travou a Avenida Paulista (Foto: Fábio Tito/G1)
Protesto realizado por motoboys em São Paulo travou a Avenida Paulista no começo da tarde desta sexta-feira (1°). Os manifestantes chegaram a bloquear completamente a avenida na altura Rua Padre João Manoel. Por volta das 14h15, o trânsito estava liberado.
Para mais informações sobre o trânsito em São Paulo, você pode acompanhar no G1 a página do Radar São Paulo, com câmeras ao vivo e tabela com condições das principais vias.)
O grupo é contra a aplicação de novas regras para o setor. A regulamentação da profissão de motofretista passa a valer em todo o país a partir de sábado (2). Na capital paulista, o protesto começou nas ruas do Brooklin, na Zona Sul.
O presidente do Sindmoto, Gilberto Almeida dos Santos, disse ao G1 que foi ao gabinete da Presidência em São Paulo, também na Avenida Paulista, protocolar uma petição para adiamento das novas regras para o setor. Ele disse que poderá haver novos protestos nos próximos dias.
Enquanto a maioria dos manifestantes seguia na Paulista, outros motociclistas bloquearam completamente a pista local da Marginal Pinheiros, sentido Rodovia Castello Branco. A interdição durou cerca de 10 minutos.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 350 motociclistas participam do protesto na Avenida Paulista.

O grupo seguiu pelas vias em cortejo e realizou breves paradas para buzinaços. A manifestação é organizada pelo Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Moto-Taxistas de São Paulo (Sindimoto-SP).
Representantes da categoria se reuniram desde as 10h na sede da entidade, quando decidiram protocolar pedido de suspensão da fiscalização no Ministério Público Federal (MPF), na Rua Frei Caneca, e no escritório da Presidência, na Avenida Paulista. O deslocamento pela Avenida dos Bandeirantes, Corredor Norte-Sul, Rua Estela e Avenida Paulista causou reflexos no trânsito.
Motociclistas do Sindimoto-SP (Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Moto-Taxistas de São Paulo) faziam uma mobilização em frente à sede da entidade, no Brooklin, Zona Sul, às 10h desta sexta-feira (1º). Eles protestam contra as novas regra (Foto: Tatiana Santiago/G1)Antes do protesto, categoria se reuniu na sede do
Sindimoto, no Brooklin (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Novas regras
Em agosto do ano passado, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu adiar em seis meses o início da fiscalização.
A resolução do Contran exige que os motofretistas tenham um curso de 30 horas e equipem o veículo com antena contra linha de pipa, protetor de perna, fitas refletivas na lateral e no baú do veículo. A moto também precisará ser emplacada com placa vermelha. Ainda será obrigatório para o motociclista usar colete.
Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo, dos 300 mil motofretistas da cidade de São Paulo, apenas 13 mil fizeram o curso téorico exigido. A multa para aqueles que não seguirem as novas regras varia de R$ 85 a R$ 191 e os motofretistas podem até ter a carteira suspensa.
Reclamação por cursos
Segundo o presidente do Sindmoto, dos 645 municípios do estado de São Paulo, apenas cerca de 10% têm as regulamentações municipais exigidas pelo Contran. O sindicalista afirma que, sem a legislação municipal, mesmo o motociclista que fizer o curso não vai conseguir se adequar a todas as exigências.

Ele afirma que, apesar de a lei ter sido criada há dois anos, o curso é oferecido há pouco tempo, por isso não houve tempo hábil para a formação dos profissionais. “A principal reivindicação é a falta de escola credenciada para dar o curso e a falta a regulamentação nos municípios. A lei federal precisa ser aplicada em todas as cidades do país, já que é regulamentada pelos municípios. Das 39 cidades da região metropolitana, apenas três oferecem o curso”, justificou Santos.
Policias militares acompanham o protesto. O major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, afirma que 40 homens acompanham a manifestação. ”Estamos aqui para garantir o deslocamento de outras pessoas que passam pelas vias não se sintam lesadas”, disse.
Avenida foi totalmente bloqueada na altura do Conjunto Nacional (Foto: Tatiana Santiago/G1)Avenida foi totalmente bloqueada na altura do Conjunto Nacional (Foto: Tatiana Santiago/G1)

Motoboys seguiram pelo Corredor-Norte Sul em protesto na manhã desta sexta (Foto: Tatiana Santiago/G1)Motoboys seguiram pelo Corredor-Norte Sul para chegar à Av. Paulista (Foto: Tatiana Santiago/G1)
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Incêndio atinge restaurante dentro de shopping em Fortaleza

Incêndio atinge restaurante dentro de shopping em Fortaleza

Bombeiros controlaram fogo; prédio
Corporação recebeu ligação comunicando incêndio por volta das 10h25.


Incêndio no Pátio Dom Luís, em Fortaleza (Foto: Adriane Silveira/Arquivo Pessoal)Incêndio no Pátio Dom Luís começou às 10h25, mas foi controlado pelo Corpo de Bombeiros. Segundo administração do shopping o prédio foi evacuado (Foto: Adriane Silveira/Arquivo Pessoal)
Um incêdio atingiu um restaurante que fica dentro do Pátio Dom Luís, no Bairro Aldeota, em Fortaleza. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta das 10h25 e foram enviados ao local dois carros da corporação.
Segundo a administração do shopping o incêndio começou dentro de um restaurante e o fogo foi provocado devido a um problema em uma churrasqueira. A administração disse também que todo o prédio foi evacuado a pedido dos Bombeiros e que o fogo já foi controlado. Ninguém ficou ferido.
Susto e correria
A fisioterapeuta Thalita Ribeiro, 32, trabalha dentro do Pátio Dom Luís e afirmou que o fogo assustou as pessoas que trabalham no prédio. "Eu vi uma multidão do lado de fora e fiquei assustada devido à fumaça que saía de dentro do shopping. Houve muita correria, mas a equipe do Corpo de Bombeiros conseguiu tranqulizar as pessoas", disse.
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Prisão de sócios da boate Kiss e músicos é prorrogada por 30 dias

Prisão de sócios da boate Kiss e músicos é prorrogada por 30 dias

Justiça aceitou pedido da Polícia Civil contra os quatro suspeitos.
Para o MP, possível soltura prejudicaria andamento das investigações.

Tatiana Lopes Do G1, em Santa Maria
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 Prorrogação foi concedida pelo juiz plantonista Régis Bertolini (Foto: Tatiana Lopes/G1) Prorrogação foi concedida pelo juiz plantonista Régis Bertolini (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Foi prorrogada por 30 dias a prisão temporária dos dois sócios da boate Kiss e de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira. A boate foi atingida por um incêndio no último domingo (27), que deixou 236 mortos. O pedido da Polícia Civil foi aceito pela Justiça do Rio Grande do Sul na manhã desta sexta-feira (1º). Os quatro suspeitos ficarão  detidos por mais um mês para não prejudicar o andamento das investigações.
Segundo o Ministério Público, a polícia diz que a manutenção da prisão é necessária porque há possibilidade de fuga caso eles sejam soltos nesta sexta, data em que se encerraria a prisão temporária de cinco dias expedidas pelo Judiciário.
Justiça aceitou pedido da Polícia Civil contra os quatro suspeitos no caso da boate Kiss (Foto: Tatiana Lopes/G1)Justiça aceitou pedido da Polícia Civil contra os
quatro suspeitos no caso da boate Kiss
(Foto: Tatiana Lopes/G1)
A prorrogação foi concedida pelo juiz plantonista Régis Bertolini, de Santa Maria. Elissandro Spohr, seu sócio Mauro Hoffmann e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o técnico de palco Luciano Augusto Bonilha Leão estão presos desde segunda-feira (28).
No despacho, o juiz cita que "a indiferença dos sócios administradores da casa noturna com a insegurança oferecida no local traz fortes indícios de que estes assumiram o resultado morte dos frequentadores do local", diz o documento obtido pelo G1.
Logo depois da decisão, os advogados de Mauro Hoffmann chegaram ao local para comunicar o juiz titular Ulysses Fonseca Louzada de que vão protocolar o pedido de revogação da prisão.
"A gente sabe que houve uma coisa horrível e é preciso apontar culpados. É o que vamos fazer a partir de agora", diz o juiz Louzada.
Parecer do Ministério Público
Investigações iniciais "indicam a presença do dolo na conduta dos representados, evidenciando a prática de homicídio doloso, portanto, tendo os representados assumido o risco de produzir o resultado morte de mais de duzentas pessoas, por meio de asfixia"
Já a Promotoria afirma que as investigações iniciais "indicam a presença do dolo na conduta dos representados, evidenciando a prática de homicídio doloso, portanto, tendo os representados assumido o risco de produzir o resultado morte de mais de duzentas pessoas, por meio de asfixia". Dolo é o crime cometido com intenção.
"Estamos diante, portanto, por ora, de crime de homicídio qualificado, o qual é considerado crime hediondo", afirmam os promotores Joel Oliveira Dutra e Waleska Flores Agostini, que assinam o parecer. Ainda segundo o MP, os sócios "mantinham estabelecimento comercial que não tinha condições de operar e, mais, operavam de forma temerária", os "extintores não funcionavam", e "houve uso de artefatos pirotécnicos não permitidos para ambientes fechados".
Além disso, a Promotoria afirma que "houve a utilização de materiais altamente inflamáveis não permitidos para o isolamento acústico, que, segundo já noticiado, liberava substância tóxica (cianeto), que já foi detectado em uma das vítimas sobreviventes, ainda hoje internada junto ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre".
Já os integrantes da Banda Gurizada Fandangueira, "com suas condutas, teriam concorrido para a prática do ilícito", diz o MP. Isso porque o produtor da banda "adquiria os artefatos pirotécnicos, com ciência de que não poderiam ser utilizados em ambiente fechado", "parecendo desimportar-se com o resultado de sua conduta, apenas visando ao lucro".
O vocalista da banda, "teria ciência de tal fato e, mesmo assim, utilizava os artefatos, sendo que há notícia, inclusive, de que chegou a encostar no teto da boate tal artefato". "Da mesma forma, estando com o microfone na mão, não foi capaz de alertar as pessoas acerca da existência de fogo no ambiente", alega o Ministério Público.
Depoimentos
O sócio da Boate Kiss, o vocalista e o produtor da banda Gurizada Fandangueira deram versões contraditórias nos depoimentos à polícia sobre o incêndio. O Jornal Nacional  teve acesso ao depoimento das testemunhas.
Já prestaram depoimento à polícia jovens que estavam no local no momento do incêndio, músicos e sócios da boate, entre eles Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, que foi ouvido no domingo (27). Ele afirmou que a banda tocava na boate uma vez por mês, mas nunca tinha feito esse show pirotécnico e nunca havia pedido consentimento para que se fizesse esse tipo de apresentação.
Ainda de acordo com o depoimento de Spohr, o teto da boate seria de gesso, com uma camada de lã de vidro acima. No palco, havia uma primeira camada de esponja para isolamento acústico.
O advogado Jader Marques, que defende Spohr, afirmou que não tinha certeza sobre o uso de espuma. "Pode sim ter acontecido que o Kiko, com orientação desse engenheiro, ter adicionado elementos como espuma, parede, madeira, gesso em outros locais fora do projeto do Ministério Público e sem o conhecimento do Ministério Público. Pode isso ter acontecido? Sim, pode, pode ter acontecido."
Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 236 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas até o momento por investigadores:
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
- A banda comprou um sinalizador proibido.
- O extintor de incêndio não funcionou.
- Havia mais público do que a capacidade.
- A boate tinha apenas um acesso para a rua.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
- Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
- 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
- Equipamentos de gravação estavam no conser