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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Emil Brunner

"Essa inversão da estrutura do Estado que, em vez de ser construído de baixo para cima, é organizado do alto, é uma das grandes iniquidades de nosso tempo. Iniquidade que eclipsa todas as outras e as gera de si mesma. A ordem da criação é virada de cabeça para baixo. O que deveria ficar por último é o primeiro, o meio, o subsidiário, se torna o principal. O Estado, que deveria ser somente a casca na vida da comunidade, se torna a própria árvore."
O teólogo neo-orthodoxo Emil Brunner foi ordenado pela igreja reformada da Suíça e foi professor de Teologia Sistemática na Universidade de Zurique, onde sempre ensinou, exceto por longas turnês de palestras nos Estados Unidos e na Ásia. Ele, junto com Karl Barth, buscou reafirmar os temas centrais da reforma protestante contra o clima predominante de teologia liberal. Apesar de, assim como Barth, tenha sido arrastado por um socialismo religioso na juventude, começou a considerar essa postura como “uma bela ilusão” diante dos horrores da Primeira Guerra Mundial. Ademais, aqueles horrores deram um fruto que Brunner considerou ainda mais horrendos: o Estado moderno, totalitário, ateu e coletivista. Em resposta a isso, sentiu-se compelido a formular um sistema completo de ética social cristã que fosse, de uma só vez, conforme a igreja reformada, bíblica e de cunho personalista.
A ética social de Brunner tem como “primeiro dado” a “individualidade do ser humano” criado à imagem de Deus e “predestinado à comunidade.” Desse ponto de partida, critica de modo veemente o estado coletivisra como o “apogeu da injustiça.” Segundo Brunner, a primeira falha do coletivismo é ignorar a individualidade dada por Deus e a dignidade da pessoa humana. Do mesmo modo, Brunner também faz críticas ao individualismo radical postulado pela moderna teoria democrática, pois vê a comunidade como algo meramente instrumental aos desejos de indivíduos totalmente auto-suficientes. Ainda que suas conclusões sejam diferentes da teoria política dos liberais clássicos, considerados no sentido estrito, as percepções de Brunner sobre antropologia teológica são de considerável valor para os pensadores sociais cristãos.
Onde o pensamento social de Brunner é mais concordante com o liberalismo clássico é no modo de entender o melhor regime de governo, que ele denomina “federalismo”, ou seja, “o Estado construído de baixo para cima.” Segundo Brunner, Deus criou certas “ordens de criação”, que são parte da graça protetora de Deus para organizar a vida humana. Essas ordens incluem as comunidades humanas “nas esferas econômicas, técnicas, puramente sociais e intelectuais.” Brunner é muito claro, entretanto, em frisar que a comunidade não é equivalente ao Estado. Na verdade, tais ordens criacionais existem fora e anteriormente ao Estado. Por exemplo, a família é a “primeira comunidade” cujos “ direitos têm absoluta precedência” sobre qualquer outra instituição. Ademais, entre a família e o Estado há “uma grande quantidade de vínculos intermediários”, cada um deles ordenado por Deus para um determinado propósito, que o Estado não deve usurpar, mas preservar e proteger. Assim, o Estado é severamente limitado no seu escopo de autoridade legítima.

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