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terça-feira, 5 de abril de 2011

O COMEÇO DO FIM-celso antunes

O COMEÇO DO FIM
 
Quando começa o ato cirúrgico que salva uma vida. Em que momento tem início a construção da casa que se sonhou a vida inteira? A resposta, para esses e outros tantos projetos que antecipam a morte e embalam a vida começa sempre no mesmo lugar, na avaliação prévia.
 
Se o cirurgião não faz exames pré-operatórios e não conhece em profundidade seu paciente e seus males, se engenheiro e arquiteto não sondam o terreno, auscultam o proprietário e planejam os custos não existe cirurgia, morre a casa ainda antes de nascer. Basta olhar, a vida comprova. Quantas cirurgias precipitadas não terminaram em fracasso, quantas casas deixaram de serem sólidas pela preocupação antecipativa?
 
No chão de escola, no cotidiano das paredes que abrigam a aula, as coisas não poderiam ser diferentes. Mas, infelizmente na maior parte das vezes são diferentes e a tradição brasileira sempre achou de colocar o processo de avaliação ao final da etapa. Prova quando o bimestre termina e exames quando o ano chega ao fim. O resultado dessa tradição é a avaliação imperfeita que mede sem julgar, quantifica sem compreender. Toda avaliação, na sala de aula e fora dela, necessita sempre começar “antes”, ainda que possa se completar com o “depois”. Como sei se o aluno progrediu? Que segurança tem para advertir com a nota que castiga ou com um ano inteiro de uma vida que roubo? Absolutamente nenhuma. E como faz parte da tradição se avaliar no “depois” é que se chega a esse arremedo de julgamento a que damos o nome de avaliação somativa. Está tudo errado.
 
Não existe uma boa avaliação que não esteja sintonizada na idéia de “progresso” do aluno e, diferente de uma contagem de pontos, o progresso é sempre medida pessoal, resultado intransferível que jamais se compara com outro resultado. É por essa razão que muitas vezes professores que se acreditam bons, são em verdade ruins, pois ministram boas aulas e avaliam muito mal.
 
Uma verdadeira avaliação, das Séries Iniciais, ao Ensino Superior necessitaria ser sempre “educativa” e por isso não apenas apresenta os resultados como visa à orientação ao aluno, destacando seu progresso e seus limites e enfatizando os pontos em que requer maior empenho e mais ampla dedicação. Não poderia deixar de ser “abrangente” e assim oferece informações não apenas sobre os progressos obtidos pelo aluno, mas também sobre seus interesses e motivações, suas necessidades e as habilidades em que com maior ou menor capacidade se esforça.
 
Ser educativa e ser abrangente representam passos iniciais que se concretizariam como excelente avaliação quando também pudesse ser “persistente” e por isso mesmo levar em conta as provas, mas basear-se também em lições, relatórios científicos, desempenho nos trabalho em grupo e, sobretudo, na observação de seu empenho e dedicação diante dos múltiplos desafios propostos.
 
Uma avaliação com tais requisitos acabariam com a humilhação e a injustiça, premiaria o mérito efetivo, seria inclusiva por respeitar diferenças culturais e lingüísticas de cada aluno e por ser completa seria visto como instrumento normal do acompanhamento do progresso, jamais provocando arrepios e tensões, insegurança e ansiedade. Sem excelente começo não há paciente que se salve, casa que se sustente, algum aluno que a agüente.

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